People referred in the song: → (line 2)
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| | | Martim Soares |
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| | | Quand'Albardam fogia d'aalém, ← |
| | | Orrac'Airas o ascondeu mui bem; ← |
| | | e el na arca fez-lhi atal rem ← |
| | | per que nunca i outr'asconderá. ← |
| 5 | | Per quant'i fez Albardam, nunca já ← |
| | | Orrac'Airas i outr'asconderá, ← |
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| | | polo guarir – "Muito fostes de mal ← |
| | | sem". E chamou sempre: "Nom moir'Abal- ← |
| | | dam". E el demais lhi fez [n]a arca tal, ← |
| 10 | | per que nunca i outr'asconderá. ← |
| | | Per quant'i fez Albardam, nunca já ← |
| | | Orrac'Airas i outr'asconderá. ← |
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General note: Continuação da cantiga anterior, numa nova cena com um Albardam fugitivo (provavelmente de uma qualquer refrega), refugiado na arca de uma tal Urraca Airas, à qual deixa um "presente", muito adequado ao medo que sentiria. Se este é o sentido geral, a segunda estrofe da cantiga é, no entanto, de difícil entendimento, em grande parte porque a sua ligação à primeira não é evidente. Talvez falte uma (ou mais) estrofes intercalares à cantiga. De qualquer forma, a leitura que se apresenta entende que Martim Soares faz aqui um outro equívoco que o nome Albardam possibilita: uma vez ligeiramente alterado ele resulta na expressão a baldam (que é a lição dos mss. e a rima correta para o v. 8). Poderemos, pois, interpretar assim esta segunda estrofe: por um lado a dona da arca está preocupada com o estado do fugitivo e vai-o chamando com medo que ele morra (talvez asfixiado), dizendo com os seus botões "não morra em balde, em vão"; por outro lado Martim Soares estará a chamar-lhe "baldão" (o que se balda - alusão à fuga que é o tema da cantiga).
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