Fernando Esquio


Amor, a ti me ven[h]'ora queixar
de mia senhor, que te faz enviar,
cada u dórmio, sempre m'espertar
e faz-me de gram coita sofredor.
5Pois m'ela nom quer veer nem falar,
       que me queres, Amor?
  
Este queixume te venh'or dizer:
que me nom queiras meu sono tolher
pola fremosa do bom parecer
10que de matar home sempr'há sabor.
Pois m'ela nẽum bem quis[o] fazer,
       que me queres, Amor?
  
  Amor, castiga-te desto por en:
que me nom tolhas meu sono por quem
15me quis matar e me teve em desdém
e de mia morte será pecador.
Pois m'ela nunca quiso fazer bem,
       que me queres, Amor?
  
Amor, castiga-te desto por tal:
20que me nom tolhas meu sono por qual
me nom faz bem [e sol me faz gram mal]
e mi o [fará], desto [som] julgador.
Poilo seu bem cedo coita mi val,
       que me queres, Amor?



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General note:

Dirigindo-se diretamente ao Amor (personificado), o trovador queixa-se de ele lhe trazer, todas as noites, a imagem da sua senhora, despertando-o e impedindo-o de dormir. Se ela não o quer ver nem falar com ele, que pretende o Amor?
Como todas as cantigas de Fernando Esquio, também esta é, não só tecnicamente perfeita, mas de uma assinalável originalidade.



General note


Description

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
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Manuscript sources

B 1294
(C 1294)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1294


Musical versions

Originals

Unknown

Contrafactum

Unknown

Modern Composition or Recreation

Unknown