Lourenço


- Ir-vos queredes, amigo,
 mais viinde-vos mui cedo.
- Ai mia senhor, hei gram medo
de tardar, bem vo-lo digo:
 5       ca nunca tam cedo verrei
       que eu nom cuide que muito tardei.
  
- Amigo, rogo-vos aqui
que mui cedo vos venhades.
- Senhor, por que me rogades?
10Ca sei bem que será assi:
       ca nunca tam cedo verrei
       que eu nom cuide que muito tardei.
  
- Amigo, vossa prol será,
pois vos ides, de nom tardar.
15- Senhor, que prol mi há de jurar?
Ca sei bem quanto mi averrá:
       ca nunca tam cedo verrei
       que eu nom cuide que muito tardei.
  
E, senhor, sempre cuidarei
20que tardo muito; e que farei?
  
- Meu amigo, eu vo-lo direi:
se assi for, gracir-vo-lo-ei.



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General note:

Num momento de partida, e respondendo à sua senhora, que lhe pede para regressar o mais depressa que puder, o trovador duvida que isso seja possível: mas só porque, por mais depressa que regresse, sempre lhe parecerá que muito demorou. Não podendo evitar esta sensação, ele pergunta-lhe então o que fará. E a senhora responde-lhe que, se é assim, só lhe pode agradecer.
Uma das cantigas de amor de Lourenço parece dar sequência a este diálogo.



General note


Description

Cantiga de Amigo
Refrão, Dialogada
Cobras singulares
Finda (2)
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Manuscript sources

B 1260, V 865
(C 1260)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1260

Cancioneiro da Vaticana - V 865


Musical versions

Originals

Unknown

Contrafactum

Unknown

Modern Composition or Recreation

Unknown