Martim Campina


Diz meu amigo que eu o mandei
ir, amiga, quando s'el foi daqui,
e, se lho sol dixi nem se o vi,
nom veja prazer do pesar que hei;
5       e se m'el tem torto em mi o dizer,
        veja-s'el ced'aqui em meu poder.
  
E vedes, amiga, do que m'é mal:
dizem os que o virom com'el diz
que o mandei ir, e, se o eu fiz,
 10nunca del haja dereito nem d'al;
       e se m'el tem torto em mi o dizer,
       veja-s'el ced'aqui em meu poder.
  
E que gram torto que m'agora tem
em dizer, amiga, per bõa fé,
15que o mandei ir, e, se assi é,
como m'el busca mal, busque-lhe eu bem;
       e, se m'el tem torto em mi o dizer,
       veja-s'el ced'aqui em meu poder.
  
E, se el vem aqui a meu poder,
20preguntar-lh'-ei quem lho mandou dizer.



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General note:

Dirigindo-se a uma amiga, a donzela mostra-se escandalizada com o facto de o seu amigo andar a dizer que foi ela quem o mandou ir embora dali - é uma ofensa e ela só espera que ele lhe apareça brevemente para ver do que ela é capaz. Na finda, no entanto, ela acrescenta que lhe perguntará quem lho mandou dizer - o que é uma forma ambígua de sugerir que ele, eventualmente, diz a verdade.



General note


Description

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda
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Manuscript sources

B 1183, V 788

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1183

Cancioneiro da Vaticana - V 788


Musical versions

Originals

Unknown

Contrafactum

Unknown

Modern Composition or Recreation

Unknown