João, jograr


Os namorados que trobam d'amor
todos deviam gram doo fazer
e nom tomar em si nẽum prazer,
porque perderam tam bõo senhor
5com'el-rei dom Denis de Portugal,
de que nom pode dizer nẽum mal
homem, pero seja posfaçador.
  
Os trobadores que pois ficarom
eno seu reino e no de León,
10no de Castela, [e] no d'Aragon,
nunca pois de sa morte [mais] trobarom.
E dos jograres vos quero dizer:
nunca cobrarom panos nem haver
e o seu bem muito desejarom.
  
15Os cavaleiros e [os] cidadãos
que deste rei haviam dinheiros
[e] outrossi donas e escudeiros
matar se deviam com sas mãaos,
porque perderom atam bom senhor,
20de quem poss'eu bem dizer sem pavor
que nom ficou [a]tal nos cristãaos.
  
E mais vos quero dizer deste rei
e dos que del haviam benfazer:
deviam-se deste mund'a perder
25quand'el morreu, per quant'eu vi e sei;
 ca el foi rei assaz mui prestador
e saboros'e d'amor trobador:
tod'o seu bem dizer nom poderei!
  
Mais com tanto me quero confortar:
 30em seu neto, que o vai semelhar
em fazer feitos de muito bom rei.



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General note:

Pranto sobre a morte de D. Dinis, ocorrida em 1325. Sintomaticamente, mais do que a figura do rei ou do estadista, é a figura do notável trovador e protetor das artes que foi D. Dinis aquilo que o jogral João faz questão de acentuar e chorar aqui.



General note


Description

Pranto
Mestria
Cobras singulares
Finda
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Manuscript sources

B 1117, V 708
(C 1117)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1117

Cancioneiro da Vaticana - V 708


Musical versions

Originals

Unknown

Contrafactum

Unknown

Modern Composition or Recreation

Unknown