João Airas de Santiago


A que mi a mi meu amigo filhou
 mui sem meu grad', e nom me tev'em rem
que me servi'e mi queria bem,
e nom mi o disse nem mi o preguntou,
5       mal [l]hi será, quando lho eu filhar
       mui sem seu grad', e non'a preguntar.
  
 E, se m'ela mui gram torto fez i,
 Deus me leixe dereito dela haver,
ca o levou de mim sem meu prazer;
10e ora tem que o levará assi,
       mal [l]hi será, quando lh'o eu filhar
       mui sem seu grad', e non'a preguntar.
  
E bem sei eu dela que [vos] dirá
que nom fiz eu por el quant'ela fez;
15mais quiçai mi o fezera outra vez,
e, pero tem bem que o haverá,
       mal [l]hi será, quando lh'o eu filhar
       mui sem seu grad', e non'a preguntar.
  
Entom veeredes molher andar
 20pós mim chorand', e nom lho querrei dar.



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General note:

Se uma outra lhe roubou o seu amigo, sem fazer qualquer caso dela e sem ter tido a decência de antes lhe perguntar, a donzela garante que não perde pela demora: vai voltar a roubar-lho exatamente da mesma maneira. E mesmo que ela alegue que fez por ele coisas que a donzela não fez, isso não quer dizer que ela não as tivesse feito, assim que entendesse. De modo que, quando recuperar o seu amigo, como antecipa a donzela, bem poderá a outra andar chorando atrás dela que não lho devolverá.



General note


Description

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda
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Manuscript sources

B 1047, V 637

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1047

Cancioneiro da Vaticana - V 637


Musical versions

Originals

Unknown

Contrafactum

Unknown

Modern Composition or Recreation

Unknown