Vasco Rodrigues de Calvelo


Se eu ousass'a Maior Gil dizer
como lh'eu quero bem, des que a vi,
meu bem seria dizer-lho assi;
mais nom lho digo, ca nom hei poder
5       de lhe falar em quanto mal me vem
       e quantas coitas, querendo-lhe bem.
  
 Como lh'eu quero bem de coraçom,
se lho dissesse, bem seria já;
 mais porque sei que mi o estranhará,
 10sol nom lho digo, ca nom hei sazom
       de lhe falar em quanto mal me vem
       e quantas coitas, querendo-lhe bem.
  
Se lh'eu dissess'em qual coita d'amor
por ela viv'e quant'afã eu hei,
15meu bem seria; mais nom lho direi
per nulha guisa, ca hei gram pavor
       de lhe falar em quanto mal me vem
       e quantas coitas, querendo-lhe bem.
  
 Mais de tod'esto nom lhe dig'eu rem,
20nem lho direi, ca lhe pesará en.



 ----- Increase text size ----- Decrease text size

General note:

A referência ao nome da senhora confere a esta cantiga de amor um carácter heterodoxo, potenciado pela ironia que a atravessa, e que consiste em nela o trovador fazer exatamente aquilo que nega: que não ousa dizer a Maior Gil que a ama. É, no entanto, difícil perceber inteiramente o sentido desta pouco habitual identificação da dama.



General note


Description

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Learn more)


Manuscript sources

A 301, B 993, V 581

Cancioneiro da Ajuda - A 301

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 993

Cancioneiro da Vaticana - V 581


Musical versions

Originals

Unknown

Contrafactum

Unknown

Modern Composition or Recreation

Unknown