Pero da Ponte


Senhor do corpo delgado,
       em forte pont'eu fui nado
que nunca perdi coidado
nem afã, des que vos vi:
5       em forte pont'eu fui nado
       senhor, por vós e por mi!
  
Com est'afã tam longado,
       em forte pont'eu fui nado,
que vos amo sem meu grado
10e faç'a vós pesar i:
       em forte pont'eu fui nado,
       senhor, por vós e por mi!
  
Ai eu, cativ'e coitado,
       em forte pont'eu fui nado!,
15que servi sempr'endõado
ond'um bem nunca prendi:
       em forte pont'eu fui nado,
       senhor, por vós e por mi!



 ----- Aumentar letra ----- Diminuir letra

Nota geral:

Dirigindo-se à sua senhora, o poeta maldiz o dia em que nasceu, para desgraça dele, que a ama contra a sua própria razão e sofre desde que a conheceu, mas também para desgraça dela, a quem esse amor causa pesar.
Para além do seu ritmo vivo e musical, potenciado pelo refrão intercalado, assinale-se o elogio inicial à senhora de corpo delgado, expressão que, apontando para uma característica física da senhora (a sua silhueta esbelta), muito rara nas cantigas de amor, contribui para a singularidade da cantiga.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras uníssonas
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 292, B 983, V 570

Cancioneiro da Ajuda - A 292

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 983

Cancioneiro da Vaticana - V 570


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Senhor do corpo delgado 

Versão de Higini Anglès

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas