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Fernão Padrom


Nulh'home nom pode saber      ←
mia fazenda, per nẽum sem,      ←
 ca nom ous'eu per rem dizer      ←
 a que m'em grave coita tem.      ←
5E nom me sei conselho dar,       ←
 ca a mia coita nom há par,      ←
que me faz seu amor sofrer.      ←
  
Com tal senhor fui emprender,      ←
a que nom ouso dizer rem      ←
10de quanto mal me faz haver,      ←
que me sempre por ela vem.      ←
 E mal per foi de mim pensar       ←
Amor, que me seu fez tornar,       ←
ca por ela cuid'a morrer.      ←
  
15E nunca meus olhos verám      ←
com que folg'o meu coraçom;      ←
mentr'esteverem, com'estam,      ←
alongados dela e nom      ←
forem u a vejam, bem sei      ←
20que nunca lhes rem mostrarei       ←
 que lhes possa prazer, de pram.      ←
  
E bem sei ca nom dormirám,       ←
mentr'assi for, nem é razom,      ←
nem eu nom perderei afã,       ←
 25mal-pecado!, nulha sazom.      ←
Mais se eu nom morrer, irei       ←
 ced'u lhe mia coita direi!      ←
E por ela me matarám.      ←



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Nota geral:

Mantendo o seu amor escondido de todos, o trovador também não ousa confessá-lo à sua senhora. Mas sabe que nenhum prazer terão os seus olhos enquanto estiverem, como estão, longe dela e sem a poderem ver - serão apenas incapazes de o deixar dormir. Nos últimos versos da cantiga, o trovador toma, pois, a resolução de ir em breve até junto dela e confessar-lhe o seu amor. Sendo certo que esses mesmo olhos, então, o matarão.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras doblas
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 286, B 977, V 564

Cancioneiro da Ajuda - A 286

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 977

Cancioneiro da Vaticana - V 564


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas