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  (linha 28)

João Soares Somesso


Ora nom poss'eu já creer      ←
que homem per coita d'amor      ←
morreu nunca, pois na maior       ←
viv'eu, que pod'Amor fazer      ←
5haver a nulh'homem, per rem;      ←
e pois eu vivo, nom sei quem       ←
podesse nunca del morrer!      ←
  
E gram medo soía haver      ←
de morrer eu por mia senhor;       ←
10mais, Deu'lo sab', este pavor      ←
todo m'ela fez[o] perder;      ←
 ca por ela conhosc'eu bem      ←
que, se Amor matass'alguém,      ←
nom leixaria mim viver.       ←
  
15Pero faz-m'el tanto de mal      ←
quanto lh'eu nunca poderei      ←
contar, enquanto viverei,      ←
pero me nunca punh'em al      ←
senom na mia coita dizer.      ←
20E quem quer poderá entender       ←
que gram coita per est atal.      ←
  
E mia senhor nom sabe qual      ←
x'é esta coita que eu levei      ←
por ela, des que a amei;      ←
 25ca nom est antre nós igual      ←
est': Amor nom lhi faz saber      ←
com'el é grave de sofrer.      ←
E por aquesto me nom val!      ←



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Nota geral:

O trovador já não acredita que alguém possa morrer com mágoas de amor, pois ele próprio, sofrendo a maior dor possível, continua vivo. E se antes até receava muito morrer pela sua senhora, foi exatamente ela quem lhe fez perder tal medo - porque percebeu que, se o Amor matasse alguém, já ele não estaria vivo. Na verdade, o seu sofrimento é tal que jamais o poderia contar na totalidade, mesmo que se dispusesse a passar toda a vida falando disso. Mas a sua senhora desconhece-o, porque o Amor os trata de forma desigual: a ela não lhe dá a conhecer quão duro é amar e é por isso que a ele não lhe vale.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras doblas
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 124

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 124


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas