João Airas de Santiago


Algum bem mi deve ced'a fazer
Deus, e fará-mi-o quando Lh'aprouguer:
sempr'ando led'e quem mi falar quer
em pesar, nom lho posso padecer,
5mais fuj'ant'el e nom lho quer'oir;
des i ar hei gram sabor de guarir
com quem sei que quer falar em prazer.
  
Ca todos andam cuidando em haver
e outra rem nom querem cuidar já,
 10e morrem ced'e fica tod'acá;
mais esto migo nom podem põer
- que trob'e cant'e cuido sempr'em bem,
 e tenh'amiga que faz mui bom sem,
[e] pod'o tempo passar em prazer.
  
15Nostro Senhor, que há mui gram poder,
é sempre ledo no seu coraçom,
e som mui ledos quantos com El som;
 por en faz mal, quant'é meu conhocer,
o que trist'é, que sempre cuida mal,
20ca um pobre ledo mil tanto val
ca rico triste em que nom há prazer.



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Nota geral:

Cantiga em tom de sirventês moral, mas de filosofia otimista, pelo menos de um ponto de vista individual: a alegria e o amor são bens divinos, superiores à melancolia e à procura insensata de riquezas. Embora cantando ainda o amor, é difícil, pois, classificar a composição num género bem definido.



Nota geral


Descrição

Género incerto
Mestria
Cobras singulares (rima a uníssona)
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Fontes manuscritas

B 962, V 549

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 962

Cancioneiro da Vaticana - V 549


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas