Pero Gonçalves de Portocarreiro


O anel do meu amigo
perdi-o lo verde pino
       e chor'eu bela.
  
O anel do meu amado
5perdi-o sô lo verde ramo
       e chor'eu bela.
  
Perdi-o sô lo verde pino,
 por en chor'eu, dona virgo,
       e chor'eu bela.
  
10Perdi-o sô lo verde ramo,
por en chor'eu, dona d'algo,
       e chor'eu bela.



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Nota geral:

A donzela aflige-se e chora porque perdeu o anel do seu amigo debaixo de um pinheiro.
Mas trata-se, mais uma vez, de uma delicada cantiga de amigo onde o funcionamento simbólico é dominante: tal como nos dias de hoje, o anel dos namorados é o objeto simbólico por excelência, representando a união e a fidelidade. Assim, funcionando este tipo de cantigas em registo aberto, tanto poderemos entender que a donzela está simplesmente aflita por ter perdido tão precioso objeto, como poderemos entender que não terá sido apenas o anel que ela perdeu so lo verde pino (um lugar propício a encontros eróticos). A curiosa expressão dona virgo, que ela utiliza para se referir a si própria, e que parece contraditória nos seus termos (donas, são, na época as mulheres casadas) poderá dar força a esta segunda hipótese (note-se que a expressão é usada igualmente por João Zorro, numa das suas cantigas).
Saliente-se ainda que a expressão verde pino, que uma muito conhecida cantiga de D. Dinis tornou célebre, tem aqui a sua segunda ocorrência (sendo estas as suas duas únicas ocorrências no conjunto de cantigas conservadas).



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão e Paralelística
Cobras alternadas
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 920, V 507

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 920

Cancioneiro da Vaticana - V 507


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

[O anel do meu amigo] 

Versão de Tomás Borba