Rui Fernandes de Santiago


A dona que eu quero bem
tal sabor hei de a veer
que nom saberia dizer
camanh'é; pero nom é sem,
5       poila end'eu mais desejo
       sempre, cada que a vejo.
  
 Pero que hoje no mund'al
que tanto deseje nom há
como d'ir u a possa já
10veer, non'a veer mais val,
       poila end'eu mais desejo
       sempre, cada que a vejo.
  
Se a nom vir, nom haverei
[nunca] de mim nem d'al sabor;
15se a vir, haverei maior
coita, mais por que o farei?
       Poila end'eu mais desejo
       sempre, cada que a vejo.
  
Esto soo nom é d'oir:
20que eu já sempr'esta molher
nom veja, cada que poder,
pero devia-lhe fogir,
       poila end'eu mais desejo,
       sempre, cada que a vejo.



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Nota geral:

O trovador está dividido: se sente um enorme prazer em ver a dona que ama, sente que é insensato vê-la, pois quanto mais a vê mais a deseja. Valeria mais a pena, pois, não a ver; mas, se a não vê, perde qualquer gosto na vida. De modo que, como conclui na última estrofe, não dá para acreditar (na sua própria insensatez): vê-a sempre que pode, quando deveria fugir-lhe.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 910, V 497

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 910

Cancioneiro da Vaticana - V 497


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

[A Dona Que Eu Quero Bem] 

Versão de Tomás Borba