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  (linha 5)

Rui Fernandes de Santiago


Quantas coitas, senhor, sofri       ←
  por vos veer, u me quitei      ←
de vós e vosco nom morei!      ←
E pois me Deus aduss'aqui,      ←
5       dizer-vos quer'o que m'avém:      ←
       tanto me nembr'agora já      ←
       come se nunca fosse rem.      ←
  
Pero que vivo na maior      ←
coita que podia viver,      ←
10desejando-vos a veer,      ←
e, pois vos vejo, mia senhor,      ←
       dizer-vos quer'o que m'avém:      ←
       tanto me nembr'agora já      ←
       come se nunca fosse rem.      ←
  
15Pero quem tanto mal levou,      ←
com'eu levei, e tant'afã,      ←
a nembrar-lh'havia, de pram;      ←
e pois me vos Deus amostrou,      ←
       dizer-vos quer'o que mi avém:      ←
20       tanto me nembr'agora já      ←
       come se nunca fosse rem.      ←



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Nota geral:

O trovador diz à sua senhora que, tendo sofrido cruelmente longe dela, com a ânsia de a ver, agora que Deus permitiu que estar na sua presença esqueceu completamente esse sofrimento. Quem sofre tanto como ele decerto deveria lembrar-se de alguma coisa, mas não é isso que lhe acontece: todo o sofrimento passado é agora nada.
Note-se, no entanto, que a cantiga é suficientemente ambígua para permitir uma leitura paródica (de paródia amorosa): quando está em presença da dama (na sua prsença concreta) o trovador esquece-se do sofrimento e também do amor que por ela sentia (e que, nesta interpretação, resultariam apenas da distância enganadora).



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 899, V 484
(C 899)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 899

Cancioneiro da Vaticana - V 484


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas