Airas Nunes


Par Deus, coraçom, mal me matades
e prol vossa nem minha nom fazedes,
e pouco, se assi for, viveredes;
e a senhor por que mi assi matades
 5al cuida, ca nom no vosso cuidar.
Mal dia forom meus olhos catar
a fremosura por que me matades!
  
Ora que eu moiro, com quem ficades?
Vós com ela, par Deus, nom ficaredes,
10e, se eu moiro, migo morreredes,
ca vós noit'e dia migo ficades.
Mais vosso cuidado pode chegar
 u est a dona que rem nom quer dar
por mim, ca sempre comigo ficades.



 ----- Aumentar letra

Nota geral:

Original cantiga de amor em que o trovador se dirige ao seu próprio coração, causador dos seus males, mas que morrerá juntamente com ele.
Esta divisão do sujeito em dois antecipa de certa forma o que se tornará um recurso frequente na poesia dos séculos XV e XVI, nomeadamente em algumas composições incluídas no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras uníssonas
Dobre: (vv. 1, 4. 7 de cada estrofe)
matades (I), ficades (II)
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 880, V 463

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 880

Cancioneiro da Vaticana - V 463


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas