| | | Airas Nunes |
| | | | Bailemos nós já todas três, ai amigas, | | | | sô aquestas avelaneiras frolidas, | | | | e quem for velida, como nós, velidas, | | | | se amigo amar, | | 5 | | sô aquestas avelaneiras frolidas | | | | verrá bailar. | | | | | Bailemos nós já todas três, ai irmanas, | | | | sô aqueste ramo destas avelanas, | | | | e quem for louçana, como nós, louçanas, | | 10 | | se amigo amar, | | | | sô aqueste ramo destas avelanas | | | | verrá bailar. | | | | | Por Deus, ai amigas, mentr'al nom fazemos | | | | sô aqueste ramo frolido bailemos, | | 15 | | e quem bem parecer, como nós parecemos, | | | | se amigo amar, | | | | sô aqueste ramo, sol que nós bailemos, | | | | verrá bailar. |
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| Nota geral: Esta é a "bailia das avelaneiras", uma das mais célebres cantigas de amigo que os Cancioneiros nos transmitiram. Neste breve comentário chamamos a atenção para o facto de as avelaneiras serem árvores associadas, em muitas culturas antigas, a ritos nupciais (ou seja, com um valor simbólico semelhante ao das flores de laranjeira atuais). Chamamos igualmente a atenção do leitor para a (maliciosa) expressão mentr´al nom fazemos (v. 13). Nos Cancioneiros encontramos uma outra versão desta cantiga (mas sem a terceira estrofe), da autoria de João Zorro, Bailemos agora, por Deus, ai velidas. Podendo qualquer dos autores ter retomado a cantiga do outro, parece mais provável que tenha sido Airas Nunes a retomar uma anterior composição de Zorro, até pelo evidente gosto que o trovador mostra por este processo, visível em diversas outras cantigas suas. Mas também é possível, como sugeriu Rodrigues Lapa1, que ambos tivessem partido de uma composição tradicional.
Referências 1 Lapa, Manuel Rodrigues (1964-1973), Recensão a Tavani (Giuseppe), Le poesie di Ayras Nunez, in Boletim de Filologia, Tomo XXII , Lisboa, Centro de Estudos Filológicos. Aceder à página Web
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