João Mendes de Briteiros


Amiga, bem [s]ei que nom há
voss'amigo nẽum poder
de vos falar nem vos veer,
e vedes por que o sei já:
5       porque vos vej'ambos andar
       mui tristes e sempre chorar.
  
Encobride[s]-vos sobejo
de mim, e já o feito eu sei
e poridade vos terrei,
10mais vedes por que o vejo:
       porque vos vej'ambos andar
       mui tristes e sempre chorar.
  
Come se fosse o feito meu,
vos guardarei quant'eu poder,
15e negar-mi-o nom há mester,
ca vedes por que o sei eu:
       porque vos vej'ambos andar
       mui tristes e sempre chorar.
  
Nem choredes, ca o pesar
20sol Deus tost'em prazer tornar.



 ----- Aumentar letra ----- Diminuir letra

Nota geral:

Uma amiga diz à donzela que sabe o que se passa entre ela e o seu amigo (estarem impedidos de se ver), e sabe-o porque os vê aos dois muito tristes e sempre a chorar. É certo que ambos procuram disfarçar, mas esta amiga diz então à donzela que com ela não precisam de fazer isso, já que guardará total segredo dos seus amores, como se fossem os seus. Na finda, ela deixa uma palavra de esperança: Deus costuma mudar rapidamente a tristeza em alegria.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 864, V 450

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 864

Cancioneiro da Vaticana - V 450


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas