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  (linha 22)

João Soares Somesso


 Punhei eu muit'em me guardar,      ←
quant'eu pude, de mia senhor,      ←
de nunca 'm seu poder entrar;      ←
pero forçou-mi o seu amor      ←
5e seu fremoso parecer,      ←
e meterom-m'em seu poder,      ←
em que estou, a gram pavor      ←
  
de morte, com'em desejar      ←
(ben'o sabe Deus) la melhor      ←
10dona do mund'e nom ousar      ←
falar com ela. E maior      ←
coita nunca vi de sofrer,      ←
 ca esta nunca dá lezer,      ←
mais faz cada dia peor.      ←
  
15Ca todavia creç'o mal      ←
a quem amor em poder tem,      ←
se nom é sa senhor atal      ←
que lhe queira valer por en.       ←
Mais atal senhor eu nom hei,      ←
20nem atal dona nunc'amei      ←
onde gãar podesse rem,      ←
  
 senom gram coita e nom al.      ←
E por esto perdi o sem      ←
por tal dona que me nom val!      ←
25E pero nom direi por quem;       ←
mais per muitas terras irei       ←
servir outra, se poderei       ←
negar esta que quero bem.      ←



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Nota geral:

Embora muito se tivesse esforçado por não cair sob o domínio da sua senhora, o trovador acabou por não resistir à sua beleza e ao amor, encontrando-se agora totalmente rendido e com um medo mortal de falar com ela. O que lhe causa um sofrimento que não lhe dá descanso e que cada dia piora. Pois é o que acontece àqueles que estão sob o domínio do Amor e escolheram uma senhora que não lhes quer valer - como é o seu caso. Tendo já perdido a razão, não revelará, no entanto, a sua identidade. Antes se dispõe a ir pelo mundo, tentando servir uma outra, se puder esconder quem realmente ama.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras doblas
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 21, B 114

Cancioneiro da Ajuda - A 21

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 114


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas