Pero da Ponte


Vistes, madr', o que dizia
que por mi era coitado?
Pois mandado nom m'envia,
entend'eu do perjurado
5que já nom teme mia ira,
       ca, senom, noite nem dia,
       a meos de meu mandado,
       nunca s'el daqui partira.
  
E vistes u s'el partia
10de mi, mui sem o meu grado,
e jurando que havia
por mi penas e cuidado?
Tod'andava com mentira,
       ca, senom, noite nem dia,
15       a meos de meu mandado,
       nunca s'el daqui partira.
  
E já qual molher devia
creer per nulh'home nado?
Pois o que assi morria
20polo meu bom gasalhado
já x'i por outra sospira,
       ca, senom, noite nem dia,
       a meos de meu mandado,
       nunca s'el daqui partira.
  
25Mais Deus, quen'o cuidaria:
del viver tam alongado
d'u el os meus olhos vira?



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Nota geral:

A moça queixa-se à sua mãe de que o seu amigo,que se dizia muito sofredor por ela, não só se foi embora sem lhe pedir licença, mas não lhe manda notícias, o que só pode significar que as suas juras eram falsas, e que ele já não teme que ela se zangue. Assim sendo, como poderá uma mulher acreditar em qualquer homem? Decerto que o seu, que suspirava pelos seus carinhos, já tem outra. Senão, como seria possível ele viver tão longe dela?



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras uníssonas
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 832, V 418

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 832

Cancioneiro da Vaticana - V 418


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas