Cantiga referida em nota


Afonso Anes do Cotom


- Ai meu amig'e meu lum'e meu bem,
vejo-vos ora mui trist'e por en
queria saber de vós ou d'alguém
       que est aquest'ou por que o fazedes?
5- Par Deus, senhor, direi-vos ũa rem:
       mal estou eu, se o vós nom sabedes.
  
- Mui trist'andades, há mui gram sazom,
e nom sei eu porquê nem porque nom;
dizede-mi ora, se Deus vos perdom,
10       que est aquest'ou por que o fazedes?
- Par Deus, ai coita do meu coraçom,
       mal estou eu, se o vós nom sabedes.
  
- Vós trist'andades e eu sem sabor
ando, porque nom sõo sabedor
15se vo-lo faz fazer coita d'amor;
       que est aquest'ou por que o fazedes?
- Par Deus, ai mui fremosa mia senhor,
       mal estou eu, se o vós nom sabedes.
  
- Mui trist'andades [vós] e nom sei eu
20o por que [é, e] poilo nom [mi é lheu],
dizede-mi-o, e nom vos seja greu,
       que est aquest'ou por que o fazedes?
- Par Deus, senhor, ai mia coita e [mal] meu
       mal estou eu, se o vós nom sabedes.



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Nota geral:

Num diálogo com seu amigo, a moça pergunta-lha repetidamente por que anda triste e obtém sempre a mesma resposta (no refrão): se ela não sabe os motivos da sua pena, ele estará mal. No fundo, a moça pretende apenas confirmar o amor do seu amigo, como se compreende.
Note-se de qualquer forma que, se a voz feminina se situa no registo da cantiga de amigo, na resposta, a voz masculina utiliza o registo da cantiga de amor, nomeadamente o tratamento por senhor com que se dirige à amada.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão, Dialogada
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 825, V 411
(C 825)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 825

Cancioneiro da Vaticana - V 411


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas