Vasco Peres Pardal


Amiga, bem cuid'eu do meu amigo
 que é morto, ca muit'há gram sazom
que anda triste o meu coraçom;
e direi-vo-lo mais por que o digo:
5       porque há gram sazom que nom
       nẽum cantar que fezesse por mi,
        nem que nom houvi seu mandado migo.
  
E sei eu del mui bem que é coitado,
se hoj'el viv[e] em poder d'Amor;
 10mais por meu mal me filhou por senhor
e por aquest'hei eu maior cuidado:
       porque há gram sazom que nom oí
       nẽum cantar que fezesse por mi,
       nem que nom houvi seu mandado migo.
  
15E cuid'eu bem del que se nom partisse
de trobar por mi sem mort'ou sem al;
 mais por esto sei eu que nom est al,
 pero que mi o nẽum home [já] disse:
       porque há gram sazom que nom oí
20       nẽum cantar que fezesse por mi
       nem que nom houvi seu mandado migo.



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Nota geral:

Dirigindo-se a uma amiga, a donzela confessa-lhe recear que o seu amigo tenha morrido, não só porque se sente triste, mas sobretudo porque há muito que não ouve nenhuma cantiga dele para si, nem lhe manda notícias. Se está vivo, ela tem a certeza que está a sofrer de amor por ela, De qualquer forma, acha estranho ele ter deixado de trovar sem uma razão de peso, como ter morrido ou algo assim. E embora ninguém lhe tenha dito nada, está preocupada.
É possível que o trovador tenha composto esta cantiga depois de um período de relativo silêncio poético.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 824, V 409

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 824

Cancioneiro da Vaticana - V 409


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas