Paio Gomes Charinho


Par Deus, senhor, e meu lume e meu bem
e mias coitas e meu mui grand'afã
e meus cuidados, que mi coitas dam,
 por mesura, dizede-m'ũa rem:
5       se mi queredes algum bem fazer;
        se nom já mais nom vos poss'atender.
  
Mui fremosa, que eu por meu mal vi
 sempre, mias coitas, par Deus, ca nom al,
meu coraçom e meu bem e meu mal
10dizede-mi, por quanto vos servi:
       se mi queredes algum bem fazer,
       se nom, já mais nom vos poss'atender.
  
Mui fremosa e muit'aposta senhor,
 sempre mui mansa e de boa razom
15melhor falar de quantas outras som,
dizede-mi, das bõas a melhor:
       se mi queredes algum bem fazer,
       se nom, já mais nom vos poss'atender.



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Nota geral:

O trovador pergunta à sua senhora se ela está disposta a fazer-lhe algum bem, pois, caso contrário, não poderá continuar a esperar. A originalidade da composição reside sobretudo na série de perífrases que o trovador utiliza para se dirigir à sua senhora, e que preenchem a totalidade dos três primeiros versos de cada estrofe. Mas também é muito rara, nas cantigas de amor, a afirmação que o trovador faz de que está disposto a não esperar mais, caso a senhora não o favoreça (quando a norma é a afirmação da perseverança a todo o custo).



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
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Fontes manuscritas

B 814, V 398

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 814

Cancioneiro da Vaticana - V 398


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas