João Vasques de Talaveira


O meu amigo, que [eu] sempr'amei
d[e'l]o primeiro dia que o vi,
houv'el um dia queixume de mi,
nom sei porquê, mais logo lh'eu guisei
5       que lhi fiz de mi queixume perder
       - sei m'eu com'e non'o quero dizer.
  
Porque houv'el [de mi] queixume, os meus
olhos chorarom muito com pesar
 que eu houv'en, poilo vi assanhar
10escontra mi, mais guisei eu, par Deus,
       que lhi fiz de mi queixume perder
       - sei m'eu com'e non'o quero dizer.
  
Houv'el de mi queixum'e ũa rem
vos direi que mi avẽo des entom:
15houv'en tal coita no meu coraçom
que nunca dormi, e guisei por en
       que lhi fiz de mi queixume perder
       - sei m'eu com'e non'o quero dizer.
  
E quem esto nom souber entender
20nunca en mais per mi pode saber.



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Nota geral:

Se o seu amigo se queixava dela (como relata na cantiga anterior), zangado e fazendo-a chorar e ter insónias, agora está tudo bem, porque, diz, arranjou uma maneira de ele acabar com as queixas - mas qual foi essa maneira, só ela sabe e não vai dizer. Na finda acrescenta, maliciosamente, que quem não souber entender também não espere que seja ela a explicar.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 789, V 373

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 789

Cancioneiro da Vaticana - V 373


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas