João Garcia de Guilhade


Diss', ai amigas, dom J'am Garcia
que, por mi nom pesar, nom morria;
mal baratou, porque o dizia,
        ca por esto o faço morrer por mi;
5e vistes vós o que s'enfengia;
       demo lev'o conselho que há de si!
  
El disse já que por mi trobava,
ar enmentou-me, quando lidava,
seu dano fez que se nom calava,
10       ca por esto o faço morrer por mi;
sabedes vós o que se gabava;
       demo lev'o conselho que há de si!
  
El andou por mi muito trobando,
e quant'havia por mi o dando,
15e nas lides me ia enmentando
       e por esto o faço morrer por mi;
pero se muito andava gabando,
       demo lev'o conselho que há de si!



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Nota geral:

João Garcia (de Guilhade) não tem juízo, diz a donzela: disse que não morria para não lhe dar esse desgosto, passa a vida a gabar-se dela e dele próprio, menciona-a continuamente nas suas cantigas, fala dela no campo de batalha, distribui os presentes que lhe deu, enfim, não tem mesmo juízo nenhum. E é por isto mesmo que ela o faz morrer.
É possível que esta cantiga comece com uma referência direta a uma outra, onde, por interposta voz de um grupo de donzelas, o trovador diz exatamente o que a donzela refere nos dois primeiros versos, elogiando em seguida a sua própria lealdade. Mas é a todo um conjunto de cantigas auto-referenciais (indicadas na referida cantiga) que a donzela (ou seja, a voz feminina criada pelo trovador) se refere aqui, com uma (auto-)ironia de grande inteligência e força poética.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 751, V 354

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 751

Cancioneiro da Vaticana - V 354


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas