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Rodrigo Anes de Vasconcelos


Se eu, amiga, quero fazer bem      ←
a meu amigo, que bem nom quer al      ←
senom a mi, dizem-[me] que é mal      ←
mias amigas e que faço mal sem;      ←
 5mais non'as creo, ca sei ũa rem:      ←
       pois meu amigo morre por morrer      ←
       por mi, meu bem é de lhi bem fazer.      ←
  
Elas nom sabem qual sabor eu hei      ←
de lhi fazer bem no meu coraçon      ←
10e posso-lho fazer mui com razom;      ←
mais dizem logo que mal sem farei      ←
mias amigas; mais ũa cousa sei:      ←
       pois meu amigo morre por morrer      ←
       por mi, meu bem é de lhi bem fazer.      ←
  
15Eu lhi farei bem e elas verrám      ←
preguntar-m'ante vós por que o fiz      ←
e direi eu "Qual est a que o diz?"      ←
 e, pois m'oírem, outorgar-mi-o-am;      ←
ca lhis direi: - Mias amigas, de pram,      ←
20       pois meu amigo morre por morrer      ←
       por mi, meu bem é de lhi bem fazer.      ←
  
E ante lhi quer'algum bem fazer      ←
ca o leixar, como morre, morrer.      ←
  
Por lhi falar bem ou polo veer,      ←
25nom lhi quer'eu leixar morte prender.      ←



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Nota geral:

Dirigindo-se a uma amiga, a donzela comenta o facto de as suas outras amigas acharem mal que ela favoreça o seu amigo. Não é essa a sua opinião: uma vez que vê que ele morre por ela, até será vantajoso tratá-lo bem (não o deixando morrer). De resto, quando elas depois vierem com perguntas e ela lhes explicar os seus motivos, decerto acabarão por compreender. Até porque bastará apenas tratá-lo bem ou falar com ele para impedir essa morte.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda (2)
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 727, V 328

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 727

Cancioneiro da Vaticana - V 328


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas