Mem Rodrigues Tenoiro


Quiso-m'hoj'um cavaleiro dizer,
amigas, ca me queria gram bem,
e defendi-lho eu, e ũa rem
sei, per quant'eu i del pud'aprender:
5       tornou mui trist', e eu bem lh'entendi
       que lhi pesou porque lho defendi.
  
Quis-m'el dizer, assi Deus mi perdom,
o bem que mi quer, a mui gram pavor,
e quiso-me logo chamar senhor,
10e defendi-lho eu, e el entom
       tornou mui trist', e eu bem lh'entendi
       que Ihi pesou porque lho defendi.
  
Falava mig'e quiso-me falar
no mui gram bem que m'el diz ca mi quer,
15e dixi-lh'eu que nom lh'era mester
de falar i, e el com gram pesar
       tornou mui trist', e eu bem lh'entendi
       que lhi pesou porque lho defendi.
  
E tenho que desmesura fiz i,
20porque lh'end'algũa rem nom tornei i.



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Nota geral:

Cantiga de amigo que funciona como uma espécie de imagem invertida de uma cantiga de amor, apresentando-nos o ponto de vista da destinatária, a senhora a quem o cavaleiro/trovador tenta confessar o seu amor. O que nos conta este voz feminina reproduz, assim, uma situação que é tópica nas cantigas de amor: a confissão temerosa do cavaleiro, que a sua senhora não quer ouvir, o que o leva a ir-se embora mui triste. Mas aqui a voz feminina confessa às amigas, no final, que se calhar a sua reação foi excessiva, e que talvez tivesse sido melhor responder-lhe alguma coisa.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 719, V 320

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 719

Cancioneiro da Vaticana - V 320


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas