Vasco Praga de Sandim


De coita grand'e de pesar
nom há hoj'o meu coraçom
nulha míngua, si Deus m'ampar.
E vedes, senhor, por que nom:
5porque vos vej'em mi perder
mesura, que tanto valer
sol sempr'a quen'a Deus quer dar.
  
E, senhor, mais vos direi en:
esso pouco que eu poder
10viver no mundo, se quiser
Deus, assi viverei por en.
E tam mal dia eu naci,
porque vós fazedes per mi
cousa que vos nom está bem.
  
15E creo que fará mal sem
quem nunca gram fiúz'houver
em mesura doutra molher;
e direi-vos por que mi avém:
porque me leixades assi
20morrer, e nom catades i
mesura, nem Deus, nem al rem.
  
E, mia senhor, a meu cuidar,
cousa faria sem razom
eu, se mi assi fosse cuitar
25com mia mort'em esta sazom
que me vós fazedes morrer,
se podess'em guisa seer
que mal nom vos podess'estar.



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Nota geral:

O trovador diz à sua senhora que o seu coração está repleto de dor e pesar porque a vê perder a sua preciosa compostura com ele. Disposto a sofrer toda a vida, a sua infelicidade provém do facto de ela não estar a agir bem (ou seja, com moderação). De resto, será insensato todo aquele que confiar no comedimento de uma mulher. E isto porque ela o deixará morrer, sem piedade. E conclui garantindo que de bom grado morreria, se encontrasse um modo de ela não ficar mal vista por isso.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras doblas
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 9, B 99

Cancioneiro da Ajuda - A 9

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 99


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas