João Lopes de Ulhoa


Eu fiz mal sem qual nunca fez molher,
pero cuidei que fazia bom sem
do meu amigo que mi quer gram bem;
e mal sem foi, pois m'el tam gram bem quer,
5       que o tive sempr'em desdém; e nom
       pod'el saber rem do meu coraçom.
  
 Ca nunca de mi pôd'entender al,
e com essa coita se foi daqui,
e fiz mal se[m], nunca tam mal sem vi,
10por que o fiz, e acho-m'ende mal,
       que o tive sempr'em desdém; e nom
       pod'el saber rem do meu coraçom.
  
Por lhi dar coita, por sabê'lo seu
coraçom bem, que eu sabia já,
15m'encobri de mais sempr', e já será
mal pera mi, ca mal o per fiz eu,
       que o tive sempr'em desdém; e nom
       pod'el saber rem do meu coraçom.



 ----- Aumentar letra ----- Diminuir letra

Nota geral:

A donzela acha agora que fez uma tolice mostrando-se sempre desdenhosa com o seu amigo. Magoou-o e ele partiu sem nada desconfiar dos seus verdadeiros sentimentos. O que foi errado. A cantiga seguinte desenvolve este mesmo tema.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 698, V 299

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 698

Cancioneiro da Vaticana - V 299


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas