Pesquisa no glossário
  (linha 2)

Airas Moniz de Asma


- Mia senhor, vim-vos rogar,      ←
 por Deus, que ar pensedes      ←
 de mi, que em gram vagar      ←
trouxestes e tragedes.      ←
5E cuido-m'avergonhar!      ←
Se vos pr[o]uguer, devedes      ←
hoj'a mia barva a honrar,      ←
que sempr'honrada sol andar,      ←
e vós nom mi a viltedes!      ←
  
10- Cavaleiro, já viltar-      ←
[la] nunca m'oiredes;      ←
mais leixemos ela estar;      ←
e desso que dizedes      ←
.............................      ←
15.............................      ←
sol nom penso de vos amar,      ←
nem pensarei, a meu cuidar,      ←
mais desto que veedes.      ←
  
- Mia senhor, eu vos direi      ←
20de mi como façades:      ←
o por que vos sempr'amei      ←
per rem nom mi o tenhades      ←
- e sempre vos servirei;      ←
se m'hoj'avergonhades,      ←
25fazede como sabor hei      ←
e dade-m'al e ir-m'-ei,      ←
e nom me detenhades.      ←
  
- Cavaleiro, nom darei;      ←
pero, se vos queixades,      ←
30mui bem vos conselharei:      ←
ide-vos, que tardades!      ←
Que por que vos deterrei      ←
u rem nom adubades?      ←
Pero desejos haverei      ←
35de vós, e endurar-mi-os-ei      ←
atá quando ar venhades.      ←
  
- Mia senhor, a meu saber,      ←
mais aposto seria      ←
quererdes por mim fazer      ←
40como eu por vós faria;      ←
 ca eu, por tanto d'haver,      ←
nunca vos deterria;      ←
mais nom poss'eu dona veer      ←
que assi and'a meu plazer      ←
45como lh'eu andaria.      ←



 ----- Aumentar letra ----- Diminuir letra

Nota geral:

Curiosa cantiga dialogada que constitui quase um exemplar único do género. O diálogo entre a dona e o cavaleiro, que parece, na sua vivacidade, escapar às normas do amor cortês e da sua gravidade, processa-se, no entanto, de uma forma algo obscura, nomeadamente no que diz respeito à alegada desonra ou aviltamento das respeitáveis barbas do cavaleiro, cujos motivos temos dificuldade em situar. O facto de a segunda estrofe da cantiga estar incompleta também não facilita as coisas. De qualquer forma, a explicação mais plausível é a de o trovador, cansado de um serviço sem recompensa, vir aqui fazer uma espécie de ultimato à dama: ou obtém rapidamente os seus favores, ou vai-se embora.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria, dialogada
Cobras doblas
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 7

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 7


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas