| | | João Peres de Aboim |
| | | | Cavalgava noutro dia | | | | per um caminho francês | | | | e ũa pastor siia | | | | cantando com outras três | | 5 | | pastores, e nom vos pês, | | | | e direi-vos todavia | | | | o que a pastor dizia | | | | aas outras em castigo: | | | | "Nunca molher crea per amigo, | | 10 | | pois s'o meu foi e nom falou migo". | | | | | "Pastor, nom dizedes nada", | | | | diz ũa delas entom, | | | | "Se se foi esta vegada, | | | | ar verrá-s'outra sazom, | | 15 | | e dirá-vos por que nom | | | | falou vosc', ai bem talhada; | | | | e é cousa mais guisada | | | | de dizerdes com'eu digo: | | | | «Deus, ora veesse o meu amigo, | | 20 | | e haveria gram prazer migo»". |
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| Nota geral: Curta pastorela na qual, ao contrário do habitual, o cavaleiro/trovador não intervém, limitando-se a observar um grupo de pastoras a cantar e a conversar. Na primeira estrofe, depois desta apresentação geral, uma delas canta, em forma de aviso às restantes, uns versos em que conclui, pois o amigo se foi embora sem se despedir, que nenhum é de fiar. Na segunda estrofe, uma outra pastora, não concordando com esta visão tão pessimista, contrapõe que ele decerto em breve regressará, concluindo também com uns versos, mas estes alegremente esperançosos. É possível que estes dois dísticos que terminam as estrofes fossem citações de cantigas de amigo alheias e conhecidas. Infelizmente, não conseguimos localizá.las, se bem que, na obra de D. Dinis, encontremos uma cantiga cujo refrão tem semelhanças com o primeiro destes dísticos (nunca molher deve, bem vos digo,/ muit´a creer per juras d´amigo). A composição tem ainda o interesse suplementar de incluir uma referência explícita ao célebre Caminho Francês, o caminho internacional que conduzia a Santiago de Compostela.
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Nota geral
Descrição
Pastorela Mestria Cobras singulares (rima c uníssona) (Saber mais)
Fontes manuscritas
B 676, V 278
Versões musicais
Originais
Desconhecidas
Contrafactum
Desconhecidas
Composição/Recriação moderna
Desconhecidas
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