João Peres de Aboim


Dized', amigo, em que vos mereci
por nom quererdes comigo viver?
E saberedes que nom hei poder
de viver, pois vos partides de mi,
5       e, pois sem vós viver nom poderei,
       vivede mig', amig', e viverei.
  
Vivede mig'e bem vos estará,
e haverei sempre que vos gracir,
ca, se vos fordes e vos eu nom vir,
10nom viverei, amig', u al nom há,
       e, pois sem vós viver nom poderei,
       vivede mig', amig', e viverei.
  
Se queredes que vos eu faça bem,
ai meu amigo, em algũa sazom,
15vivede migo, se Deus vos perdom,
ca nom poss'eu viver per outra rem
       e, pois sem vós viver nom poderei,
       vivede mig', amig', e viverei.
  
Pois entendedes, amigo, com'é
20a mia fazenda, por Nostro Senhor,
vivede migo, ca, pois sem vós for,
nom poderei viver, per bõa fé,
       e, pois sem vós viver nom poderei,
       vivede mig', amig', e viverei.



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Nota geral:

Talvez na sequência de uma anterior cantiga, a donzela, dirigindo-se ao seu amigo, reforça emotivamente o pedido para que ele viva junto dela ou morrerá. Não só lhe ficará agradecida como será a única forma de ele obter os seus favores.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 669, V 272

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 669

Cancioneiro da Vaticana - V 272


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas