João Peres de Aboim


Par Deus, amigo, nunca eu cuidei
que vos perdesse, como vos perdi,
por quem nom parece melhor de mi,
nem ar val mais, e tal queixum'end'hei
5       que direi, amigo, per bõa fé,
       como parec'e seu nom'e quem é.
  
Se vos foss'eu por tal dona perder
que me vencess'hoj'em parecer bem
ou em al que quer, prazer-m'-ia en,
10mais tam sem guisa o fostes fazer
       que direi, amigo, per bõa fé,
       como parec'e seu nom'e quem é.
  
Em toda rem que vos possa buscar
mal, buscar-vo-lo-ei, mentr'eu viva for,
15ca me leixastes por atal senhor
que, bem vos digo, com este pesar
       que direi, amigo, per bõa fé,
       como parec'e seu nom'e quem é.
  
E, poilo eu disse[r], per bõa fé,
20pesar-vos-á, pois souberem quem é.



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Nota geral:

Dirigindo-se ao seu amigo, a donzela lamenta, desolada, que ela a tenha trocado por uma outra, que nem sequer é mais bonita ou mais prendada do que ela. E, no refrão, ameaça revelar a sua identidade (o que nunca faz, diga-se). No final, acrescenta ainda que, doravante, o irá prejudicar em tudo o que puder.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 668, V 271

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 668

Cancioneiro da Vaticana - V 271


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas