João Nunes Camanês


- Se eu, mia filha, for
voss'amigo veer,
porque morre d'amor
e nom pode viver,
5       iredes comig'i?
       - Par Deus, mia madre, irei.
  
- Pois vos quer tam gram bem
que nom pode guarir,
dizede-m'ũa rem:
10pois eu alá quer'ir,
       iredes comig'i?
       - Par Deus, mia madre, irei.
  
- Sempre lh'eu coita vi
por vós e mort[e], ai
15filha, pois eu vou-[m'i]
e mig'outrem nom vai,
       iredes comig'i?
       - Par Deus, mia madre, irei.
  



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Nota geral:

IInvertendo os papéis habitualmente desempenhados por mãe e filha nas cantigas de amigo, nesta composição é a mãe que, condoída pelas mágoas de amor do amigo da filha, se dispõe a ir ao seu encontro, perguntando à filha se a quer acompanhar (respondendo esta que sim).
Todas as cantigas de amigo de João Nunes Camanês giram em torno desta mesma temática, o que parece indicar que se relacionariam como um ciclo. Não é clara, no entanto, a ordem que seguiriam nesse eventual ciclo, porque algumas cantigas parecem contraditórias entre si. Assim, se a cantiga seguinte é claramente a continuação desta, já na terceira a donzela diz ao seu amigo que, se há muito não se encontram, é porque a sua mãe não o quis ir ver; e na quarta ouvimos a donzela a pedir à sua mãe que vá ver o seu amigo, prontificando-se a acompanhá-la (numa fala em que mãe e filha assumem os papéis tradicionais, e de que resulta uma composição que é o exato reverso desta primeira cantiga).



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão, Dialogada
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 651, V 252
(C 651)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 651

Cancioneiro da Vaticana - V 252


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Par Deus mia madre, irei  

Versão de Frederico de Freitas