Paio Soares de Taveirós


Donas, veeredes a prol que lhi tem
       de lhi saberem ca mi quer gram bem!
  
Par Deus, donas, bem podedes jurar
do meu amigo, que mi fez pesar;
5mais Deus! E que cuida mi a gãar
       de lhi saberem que mi quer gram bem?
  
Sofrer-lh'-ei eu de me chamar senhor
nos cantares que fazia d'amor;
mais enmentou-me todo com sabor
10       de lhi saberem que mi quer gram bem.
  
Foi-m'el em seus cantares enmentar;
vedes ora se me dev'a queixar!
Ca se nom quis meu amigo guardar
       de lhi saberem que mi quer gram bem.



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Nota geral:

Dirigindo-se a um grupo de donas, a donzela comenta, muito desagradada, o facto de o seu amigo, nos cantares de amor que lhe fez, ter revelado a toda a gente que gosta dela. Ela até suportará que ele lhe chame "senhora", mas ele foi muito para além disso: falou especificamente dela (mencionou-a). E que pensa ele ganhar com isso? pergunta.
D. Carolina Michaelis sugeriu que a donzela se estaria aqui a referir à célebre (e polémica) cantiga "da garvaia", onde, de facto, a dama é muito concretamente identificada (como filha de um Paio Moniz). Mas não será esta a única possibilidade, já que em várias das suas cantigas de amor o trovador se afasta do tom abstratizante próprio do género e inclui referências concretas suscetíveis de permitir (aos seus contemporâneos) a identificação da senhora cantada.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão, refrão inicial
Cobras alternadas
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 639, V 240

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 639

Cancioneiro da Vaticana - V 240


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas