Estêvão da Guarda


Do que bem serve sempr'oí dizer
que bem pede; mais digo-vos de mi:
pero que eu, gram temp'há, bem servi
ũa dona que me tem em poder,
5que nom tenho que, per meu bem servir,
eu razom hei de lhi por en pidir
o maior bem dos que Deus quis fazer.
  
Bem entend'eu que logar deve haver
o que bem serve de pidir por en
10bem com razom (mais éste tam gram bem
que lhi nom pod'outro bem par seer);
pois d'eu bem servir ũa dona tal,
por lhi pedir bem que tam muito val,
sol non'o dev'em coraçom poer.
  
15E, meus amigos, quem bem cousecer
o mui gram bem que Nostro Senhor deu
a esta dona, bem certo sei eu,
se houver sem, que bem pode entender
que, per servir, quantos no mundo som
20nom devem sol põer em coraçom
que pedir possa em tal bem caber.
  
Por end'a mim convém, querend'ou nom,
de servir bem, sem havendo razom
que, per servir, haja bem d'atender.



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Nota geral:

Partindo de um cerrado jogo com os dois valores da palavra bem (advérbio e nome), o trovador discorda dos que servem as suas senhoras pedindo-lhes continuamente os seus favores. Se ele serve há muito tempo a sua senhora, não vê razão para lhe pedir ou esperar um bem tão valioso.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras singulares (rima a uníssona)
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 624, V 225

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 624

Cancioneiro da Vaticana - V 225


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas