Vasco Praga de Sandim


 Deus, meu Senhor, se vos prouguer,
Vós me tolhed'este poder
que eu hei de muito viver;
 ca, mentr'eu tal poder houver
5de viver, nunca perderei
esta coita que hoj'eu hei
d'amor eno meu coraçom.
  
Ca mi a faz haver tal molher
que nunca mi há rem de fazer
10per que eu a possa perder;
que, enquant'eu viver poder,
por esto a nom poderei
perder per rem, mais haverei
dela mais, com mui gram razom.
  
 15Ca nom éste coita d'amor
ũa que home filhar vem,
se home leixa sem seu bem,
ou sem mort', ou se faz melhor;
mais semelha muit'outro mal.
20E quem há esta coita tal,
macar se morre, nom lhe praz!



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Nota geral:

O trovador pede a Deus que lhe conceda a graça de não viver mais, pois, enquanto viver, nunca perderá a mágoa que tem no coração. E que é causada por uma mulher que nunca nada fará para que ele a perca, antes lha fará aumentar. Na última estrofe (um pouco confusa, ou talvez estropiada nos manuscritos), o trovador, retomando o seu desejo de morte, afirma que um homem que não tem o favor da sua senhora mas não morre, não sofre verdadeiramente, E, se acaso morre, é a contragosto (ao contrário do trovador, que pede a morte a Deus).



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras doblas
Palavra perduda: v. 7 de cada estrofe
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 1, B 91

Cancioneiro da Ajuda - A 1

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 91


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas