D. Dinis


Vi-vos, madre, com meu amig'aqui
hoje falar e houv'en gram prazer
 porque o vi de cabo vós erger
  led', e tenho que mi faz Deus bem i,
 5       ca, pois que s'el ledo partiu daquém,
       nom pode seer senom por meu bem.
  
Ergeu-se ledo e riiu já quê,
o que mui gram temp'há que el nom fez,
mais, pois já esto passou esta vez,
10fic'end'eu leda, se Deus bem mi dê,
       ca, pois que s'el ledo partiu daquém,
       nom pode seer senom por meu bem.
  
El pôs os seus olhos nos meus entom,
quando vistes que xi vos espediu,
15e tornou contra vós led'e riiu,
e por end'hei prazer no coraçom,
       ca, pois que s'el ledo partiu daquém,
       nom pode seer senom por meu bem.
  
 E, pero m'eu da fala nom sei rem,
20de quant'eu vi, madr', hei gram prazer en.



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Nota geral:

Dirigindo-se à sua mãe, a donzela comenta com perspicácia uma cena a que acabou de assistir: uma conversa entre ela (mãe) e o seu amigo, da qual o amigo se levantou com ar satisfeito, rindo-se até um pouco, e erguendo logo depois os olhos para ela (que teremos de imaginar fora de cena ou um pouco afastada). Tudo excelentes sinais que a alegram, e que lhe fazem acreditar que a conversa só pode ter sido para seu bem.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 586, V 189

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 586

Cancioneiro da Vaticana - V 189


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas