D. Dinis


 – Em grave dia, senhor, que vos
falar, e vos virom estes olhos meus!
– Dized', amigo, que poss'eu fazer i
em aqueste feito, se vos valha Deus?
5       – Faredes mesura contra mi, senhor?
        - Farei, amigo, fazend'eu o melhor.
  
U vos em tal ponto eu oí falar,
senhor, que nom pudi depois bem haver!
– Amigo, quero-vos ora preguntar
10que mi digades o que poss'i fazer.
       – Faredes mesura contra mi, senhor?
       – Farei, amigo, fazend'eu o melhor.
  
Des que vos vi e vos oí falar, [nom]
vi prazer, senhor, nem dormi, nem folguei.
15– Amigo, dizede, se Deus vos perdom,
o que eu i faça, ca eu non'o sei.
       – Faredes mesura contra mi, senhor?
       – Farei, amigo, fazend'eu o melhor.



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Nota geral:

Diálogo entre uma voz masculina e uma voz feminina, assumindo a primeira o tom e o vocabulário das cantigas de amor, e a segunda o tom e o vocabulário das cantigas de amigo. Assim, o trovador confessa o seu sofrimento à sua senhora; querendo esta saber o que poderá fazer por ele, ele pergunta-lhe se ela será condescendente com ele: ao que ela responde que sim - mas desviando a resposta apenas para a pura cortesia (farei o melhor que possa), quando a pergunta tem implícito outro pedido.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão, Dialogada
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 572, V 176

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 572

Cancioneiro da Vaticana - V 176


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Em grave día, senhor, que vos oí      versão audio disponível

Versão de Zofia Dowgiałło, Paulina Ceremużyńska