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Vasco Praga de Sandim


O mui fremoso parecer      ←
que vós havedes, mia senhor,      ←
esse faz hoj'a mi saber      ←
qual coita Deus fezo maior       ←
5de quantas coitas quis fazer,       ←
e faz-mi a toda padecer!      ←
  
U vos eu nom posso veer,      ←
mi a faz padecer, mia senhor;       ←
 mais sei-m'end'eu pouco doer,      ←
10pois, u vos vejo, tal sabor      ←
hei que me fez escaecer      ←
 quanta coita soí prender.      ←
  
 E al vos ar quero dizer      ←
que m'avém de vós, mia senhor:      ←
15bem cuido [eu] que já poder       ←
nunc'haverei de vos, melhor      ←
do que vos eu quero, querer.       ←
Bem i mi o hei logo d'haver!      ←
  
E ides-mi ora defender      ←
20que vos nom veja, mia senhor!      ←
E se m'hoj'eu visse morrer,      ←
nom me seria en peor      ←
- ca mi queredes i tolher      ←
quant'hoj'eu hei em que viver!      ←



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Nota geral:

O trovador diz à sua senhora que a sua beleza lhe faz padecer o maior sofrimento do mundo. E padece-o quando a não vê, embora logo esqueça esse sofrimento assim que tem o gosto de a voltar a ver. E gostaria de lhe dizer ainda outra coisa: que pensa não poder nunca querer-lhe mais do que já lhe quer. E é nesta situação que, na estrofe final, se revolta contra o facto de ela não querer que ele a volte a ver, afirmando que, se estivesse em vias de morrer, não se sentiria pior - pois ela quer-lhe retirar a sua única razão de vida.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras uníssonas
Palavra(s)-rima: (v. 2 de cada estrofe)
mia senhor
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 85

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 85


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas