D. Dinis


Vi hoj'eu cantar d'amor
em um fremoso virgeu,
ũa fremosa pastor
que, ao parecer seu,
5jamais nunca lhi par vi;
e por en dixi-lh'assi:
"Senhor, por vosso vou eu".
  
Tornou sanhuda entom,
quando m'est'oiu dizer,
10e diss': "Ide-vos, varom!
Quem vos foi aqui trajer
para m'irdes destorvar
 d'u dig'aqueste cantar
que fez quem sei bem querer?"
  
15"Pois que me mandades ir,"
dixi-lh'eu, "senhor, ir-m'-ei;
mais já vos hei de servir
sempr'e por voss'andarei;
 ca voss'amor me forçou,
20assi que por vosso vou,
cujo sempr'eu já serei."
  
Dix'ela: "Nom vos tem prol
esso que dizedes, nem
mi praz de o oir sol,
25ant'hei noj'e pesar en;
ca meu coraçom nom é,
nem será, per bõa fé,
senom do que quero bem."
  
"Nem o meu", dixi-lh'eu "já,
30senhor, nom se partirá
de vós, por cujo s'el tem."
  
"O meu", diss'ela, "será
u foi sempr'e u está,
e de vós nom curo rem."



 ----- Aumentar letra

Nota geral:

Numa cena típica de uma pastorela, e num cenário verdejante, assistimos ao diálogo entre o trovador e uma formosa pastora. O desenho das duas personagens também é tradicional: o trovador procura conseguir os favores da jovem, a qual, por sua vez, respondendo-lhe de forma muito viva e decidida, lhos nega, reafirmando o seu amor inabalável pelo seu amigo.



Nota geral


Descrição

Pastorela
Mestria
Cobras singulares
Finda (2)
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 547, V 150

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 547

Cancioneiro da Vaticana - V 150


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas