D. Dinis


 Senhor, que de grad'hoj'eu querria,
se a Deus e a vós aprouguesse,
que, u vós estades, estevesse
 convosc'e por esto me terria
5       por tam bem andante
       que por rei nem ifante
       des ali adeante
       nom me cambiaria.
  
E sabendo que vos prazeria
10que, u vós morássedes, morasse
e que vos eu viss'e vos falasse,
terria-me, senhor, todavia
       por tam bem andante
       que por rei nem ifante
15       des ali adeante
       nom me cambiaria.
  
Ca, senhor, em gram bem viveria,
se u vós vivêssedes, vivesse
e sol que de vós est'entendesse,
20terria-me, e razom faria,
       por tam bem andante
       que per rei nem ifante
       des ali adeante
       nom me cambiaria.



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Nota geral:

Dirigindo-se à sua senhora, o trovador diz-lhe que, se Deus e ela quisessem, o maior gosto que poderia ter era estar perto dela. E se isso acontecesse, ficaria tão feliz que não trocaria a sua posição nem pela de um rei ou de um infante,
Dado o estatuto de D. Dinis, há uma nítida dimensão irónica nesta cantiga, embora seja impossível percebermos exatamente qual (nem mesmo sabemos se D. Dinis era ainda infante ou era já rei quando a compôs).



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras uníssonas ( rima b singular)
Mozdobre (v. 2 de cada estrofe, em I imperf., v. 3):
estades/ estevesse (I), morássedes/ morasse (II), vivêssedes/ vivesse (III)
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 533, V 136

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 533

Cancioneiro da Vaticana - V 136


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Senhor, que de grad'hoj'eu querria      versão audio disponível

Versão de In Itinere: Grupo Universitário de Câmara de Compostela , Carlos Villanueva