D. Dinis


Senhor, pois me nom queredes
fazer bem, nen'o teedes
por guisado,
  Deus seja por en loado.
  
5Mais pois vós mui bem sabedes
o torto que mi fazedes,
gram pecado
havedes de mi, coitado.
  
E pois que vos nom doedes
10de mim e sol nom havedes
en cuidado,
 em grave dia fui nado.
  
Mais, par Deus, senhor, seeredes
de mim pecador, ca vedes:
15mui doado
moir'e de vós nom hei grado.
  
E pois mentes nom metedes
no meu mal, nem corregedes
o estado
20a que m'havedes chegado,
  
de me matardes faredes
meu bem, pois m'assi tragedes
estranhado
do bem que hei desejado.
  
25E, senhor, sol nom pensedes
que, pero mi morte dedes,
agravado
end'eu seja, mais pagado.



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Nota geral:

O trovador parece conformar-se com o facto de a sua senhora não lhe querer conceder os seus favores (Deus seja louvado por isso, diz). Mas considera que o mal que ela lhe faz é um pecado, já que o mata sem razão. De qualquer forma, uma vez que ela não se lembra dele nem altera a sua conduta, essa morte será um bem, que, longe de o ofender, só lhe poderá agradecer.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras uníssonas
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 528b, V 131

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 528b

Cancioneiro da Vaticana - V 131


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Senhor, pois me nom queredes       versão audio disponível

Versão de Manuel Pedro Ferreira, Vozes Alfonsinas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas