D. Dinis


Nostro Senhor, se haverei guisado
de mia senhor mui fremosa veer,
que mi nunca fez[o] nẽum prazer
e de que nunca cuid'haver bom grado;
  5pero filhar-lh'-ia por galardom
de a veer, se soubesse que nom
  lh'era tam grave, Deus foss'en loado!
  
Ca mui gram temp'há que ando coitado,
se eu podesse, pola ir veer,
 10ca depois nom me pod'escaecer
qual eu [a] vi, u houvi Deus irado;
ca verdadeiramente des entom
 nom trago mig'aqueste coraçom,
 nem er sei de mim parte nem mandado.
  
15Ca me tem seu amor tam aficado,
des que se nom guisou de a veer,
que nom hei em mim força nem poder,
nem dórmio rem, nem hei em mim recado;
e porque viv'em tam gram perdiçom,
20que mi dê morte, peç'a Deus per dom,
e perderei meu mal e meu cuidado.



 ----- Aumentar letra ----- Diminuir letra

Nota geral:

O trovador pergunta-se se Nosso senhor lhe permitirá ver em breve a sua senhora. Embora não tenha os seus favores, vê-la, se tal não a incomodasse, seria já um prémio suficiente, É esse o seu maior desejo. porque, desde que a viu, nunca mais soube de si próprio, deixando de dormir e vivendo em tal perdição, que só a morte o poderá libertar.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras uníssonas
Palavra(s)-rima: (v. 2 de cada estrofe)
veer
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 527b, V 130

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 527b

Cancioneiro da Vaticana - V 130


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas