D. Dinis


Vós mi defendestes, senhor,
que nunca vos dissesse rem
de quanto mal mi por vós vem;
mais fazede-me sabedor:
5por Deus, senhor, a quem direi
quam muito mal [lev'e] levei
por vós, senom a vós, senhor?
  
Ou a quem direi o meu mal
se o eu a vós nom disser,
10pois calar-me nom m'é mester
e dizer-vo-lo nom m'er val?
E pois tanto mal sofr'assi,
se convosco nom falar i,
per quem saberedes meu mal?
  
15Ou a quem direi o pesar
que mi vós fazedes sofrer,
se o a vós nom for dizer,
que podedes conselh'i dar?
E por en, se Deus vos perdom,
20coita deste meu coraçom,
a quem direi o meu pesar?



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Nota geral:

Uma vez que a sua senhora lhe proibiu de lhe falar do seu sofrimento por ela, o trovador pergunta-lhe a quem contará então as suas mágoas. E como poderá viver, se calar-se lhe é impossível e dizer-lhas de nada lhe vale? E como irá ela saber o mal que ele sofre, se lhe proíbe de falar? Com quem mais poderá ele desabafar, senão com quem lhe pode acorrer?



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras singulares
Dobre: (vv. 1 e 7 de cada estrofe)
senhor (I), meu mal (II), pesar (III)
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 502, V 85

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 502

Cancioneiro da Vaticana - V 85


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas