D. Dinis


Oimais quer'eu já leixá'lo trobar
e quero-me desemparar d'amor,
e quer'ir algũa terra buscar
u nunca possa seer sabedor
5ela de mi nem eu de mia senhor,
pois que lh'é d'eu viver aqui pesar.
  
Mais Deus! Que grave cousa d'endurar
a mim será ir-me d'u ela for!
Ca sei mui bem que nunca poss'achar
10nẽũa cousa ond'haja sabor,
senom da morte; mais ar hei pavor
de mi a nom querer Deus tam cedo dar.
  
Mais se fez Deus a tam gram coita par
come a de que serei sofredor,
15 quando m'agora houver d'alongar
daquesta terra u est a melhor
de quantas som e de cujo loor
nom se pode per dizer acabar.



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Nota geral:

Decidido a deixar de compor trovas e a renunciar ao amor, o trovador quer afastar-se para bem longe da sua senhora, para um lugar onde nem ele possa saber dela nem ela dele, uma vez que a sua presença a incomoda. Coisa bem difícil, já que sabe que nunca mais terá prazer com nada, senão com a morte. A dor de se afastar da terra onde vive a melhor de todas as senhoras (e cujo louvor será sempre incompleto) será, pois, imensa.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras uníssonas
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Fontes manuscritas

B 498, V 81

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 498

Cancioneiro da Vaticana - V 81


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas