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  (linha 32)

Arnaldo, Afonso X


 - Senher, ad-ars ie'us venh 'querer      ←
un don que'm donetz, si vos plai:      ←
que vul[h] vostr'almiral esser      ←
en cela vostra mar d'alai;      ←
5e si o fatz, en bona fe,      ←
c'a totas las na[u]s que la som      ←
eu les farai tal vent de me,      ←
c'or la vam totas a mon.      ←
  
- Dom Arnaldo, pois tal poder      ←
10de vent'havedes, bem vos vai,      ←
e dad'a vós dev'a seer      ←
aqueste dom; mais dig'eu: ai,      ←
por que nunca tal dom deu rei?      ←
Pero nom quer'eu galardom;      ←
15mais, pois vo-lo já outorguei,      ←
chamem-vos "Almiral Sisom".      ←
  
- Lo dom vos deit molt mercejar      ←
e l'ondrat nom que m'avetz mes,      ←
e d'aitam vos vul[h] segurar      ←
20qu'en farai un vent tam cortes      ←
que mia dona, qu'es la melhor      ←
del mond e la plus avinen,      ←
farai passar a la dolçor      ←
del temps, con filhas altras cen.      ←
  
25- Dom Arnaldo, fostes errar,      ←
por passardes com batarês      ←
vossa senhor a Ultramar,      ←
que nom cuid'eu que [ha]ja três      ←
no mundo de tam gram valor;      ←
30e juro-vos, par Sam Vincent,      ←
que nom é bom doneador      ←
quem esto fezer a ciente.      ←



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Nota geral:

Tenção bilingue em que o trovador provençal Arnaldo pede a Afonso X que o faça almirante. Isto porque, como nos diz, tinha um truque: possuía um tal poder de ventosidades anais que afundaria todos os navios inimigos. Afonso X dispõe-se imediatamente a fazê-lo "Almirante Sisão" (o sisão é uma ave cujo canto soa como "un peido suspirado dos máis provocantes a risa que poida haver"1). Uma vez no posto, ele confessa que também é capaz de produzir ventos suaves, capazes de levar a bom porto a senhora que serve. Esta última parte já não agrada tanto ao rei, que pensa não ser essa a melhor forma de cortejar as damas.
Este Arnaldo, que pode corresponder a vários Arnault de que há notícia na corte afonsina (e mesmo do seu sucessor, Sancho IV), será eventualmente o trovador provençal Arnault Catalan, que manteve, anos antes, uma discussão semelhante com Raimon Berenguer IV, Conde de Provença (Amics n´Arnautz, cent dompnas d´aut paratge). Parece, pois, que o trovador propõe aqui a Afonso X, talvez por volta de 1252/1253, o mesmo tema que antes lhe tinha sido colocado pelo Conde.
Acrescente-se ainda que esta tenção parece seguir o esquema rimático (e provavelmente a música) de uma das mais célebres cansós provençais, a cantiga "Quan vei la lauzeta mover", do trovador Bernart de Ventadorn. Tratar-se-ia, pois, igualmente, de uma citação paródica do nome de um dos mais conhecidos e reputados trovadores provençais (em tradução livre, Bernardo "Ventador").

Referências

1 Cabana, Darío Xoán (2011), Os Trobadores de Occitania, Edicións da Curuxa, Roméan, Lugo.



Nota geral


Descrição

Tenção
Mestria
Cobras doblas
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 477

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 477


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas