Afonso X


Pois que m'hei ora d'alongar
de mia senhor, que quero bem,
porque me faz perder o sem,
quando m'houver del'a quitar,
5direi, quando me lh'espedir:
de mui bom grado queria ir
 log'e nunca [m'end'ar] viir.
  
Pois me tal coita faz sofrer,
qual sempr'eu por ela sofri,
10des aquel dia 'm que a vi,
e nom se quer de mim doer
atanto lhi direi por en:
moir'eu e moiro por alguém
 e nunca vos mais direi en.
  
15E já eu nunca veerei
prazer com estes olhos meus,
de[s] quando a nom vir, par Deus,
e com coita que haverei,
chorando lhi direi assi:
20moir'eu porque nom vej'aqui
a dona que nom vej’aqui.



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Nota geral:

Cantiga sobre a dor da despedida. O que é interessante, no entanto, nesta composição é que, no final de cada estrofe, e de forma muito original, Afonso X reproduz textualmente refrães de cantigas de amor de trovadores seus contemporâneos e que faziam parte do seu círculo: de João Soares Coelho, na primeira e na segunda estrofes, e de João Garcia de Guilhade na terceira (indicamos quais as cantigas concretas nas notas marginais).
É possível que estas citações tivessem um qualquer sentido, que hoje nos escapa. Note-se, de qualquer forma, que, em todas as estrofes, estes dois versos finais parecem contradizer um pouco os versos anteriores e introduzir um tom jocoso no universo fechado do canto de amor.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 469

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 469


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas