Antroponímia referida na cantiga:
  (linha 15)

Afonso X


Bem sabia eu, mia senhor,      ←
que pois m'eu de vós partisse      ←
 que nunc' haveria sabor      ←
de rem, pois vos eu nom visse,      ←
5porque vós sodes a melhor      ←
dona de que nunca oísse      ←
homem falar;      ←
 ca o vosso bom semelhar      ←
sei que par      ←
10nunca lh'homem pod'achar.      ←
  
E pois que o Deus assi quis,      ←
que eu som tam alongado      ←
de vós, mui bem seede fiz      ←
que nunca eu sem cuidado      ←
 15en viverei, ca já Paris      ←
d'amor nom foi tam coitado      ←
[e] nem Tristam;      ←
nunca sofrerom tal afã,      ←
nen'[o] ham      ←
20quantos som, nem seeram.      ←
  
Que farei eu, pois que nom vir      ←
o mui bom parecer vosso?      ←
Ca o mal que vos foi ferir      ←
 aquel é [meu] x'est o vosso;      ←
25e por ende per rem partir      ←
de vos muit'amar nom posso;      ←
nen'[o] farei,      ←
ante bem sei ca morrerei,      ←
se nom hei      ←
30vós que [já] sempr'am[ar]ei.      ←



 ----- Aumentar letra ----- Diminuir letra

Nota geral:

Esta é a primeira das três únicas cantigas de amor de Afonso X que os Cancioneiros profanos nos transmitiram. Lamentando afastar-se da sua senhora, de quem faz o elogio, o trovador garante-lhe a constância do seu amor e o contínuo sofrimento em que viverá (um sofrimento maior que o de Páris ou o de Tristão, dois célebres protagonistas de novelas de cavalaria), Acrescenta ainda que sentirá como seu qualquer mal da sua amada, uma referência algo obscura (não só pelo facto do verbo estar no passado, o mal que vos foi ferir, mas também pela utilização do verbo ferir, geralmente usado num sentido de agressão física).
Segundo Paolo Canettieri e Carlo Pulsoni1, é possível que a composição seja um contrafactum musical de uma cantiga de Raimbaut de Vaqueiras, D´una dona.m tueill e.m lais.

Referências

1 Canettieri, Paolo e Pulsoni, Carlo (1995), "Contrafacta galego-portoghesi", in Medioevo e Literatura. Actas del V Congreso de la Asociación Hispánica de Literatura Medieval, vol. I, Granada, Universidad de Granada.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 468bis

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 468bis


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas