Nota geral: Esta cantiga, mais jocosa que satírica, alude a um acontecimento que deu brado na época, o rapto de D. Maria Rodrigues Codorniz, nobre e jovem viúva, por um tal João Bezerra. D. Gonçalo Garcia brinca aqui com o caso, aconselhando o porteiro, de seu nome Fiz (termo, que, como adjetivo, significava "certo", "seguro"), a ter mais cautela, uma vez que também ele próprio poderá ser tentado a raptar a sua senhora (mas de preferência com o seu acordo). O rapto de D. Maria Codorniz, efetuado pouco antes de 1245, ter-se-ia dado, segundo parece dizer a rubrica, em casa de D. Rodrigo Sanches, o filho bastardo de D. Sancho II e da Ribeirinha. Mas o Livro de Linhagens do Deão, que também refere o assunto (20G4), indica que foi em casa de D. Rodrigo Gomes (de Trava), o que a generalidade dos especialistas crêem mais lógico, dada a identidade da raptada, ainda familiar do senhor de Trava (em cuja corte o próprio raptor, João Fernandes Bezerra, está, aliás, documentado1). Assim sendo, e se não é simplesmente erro, é possível que a rubrica indique apenas, eventualmente, o local onde foi composta a cantiga.
Referências 1 Oliveira, António Resende de (1994), Depois do espectáculo trovadoresco. A estrutura dos cancioneiros peninsulares e as recolhas dos séculos XIII e XIV, Lisboa, Edições Colibri.
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