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  (linha 27)

Bonifaci Calvo


Mui gram poder há sobre mim Amor,      ←
pois que me faz amar de coraçom      ←
a rem do mundo que me faz maior       ←
 coita sofrer; e por tod'esto nom      ←
 5ouso pensar sol de me queixar en,      ←
atam gram pavor hei que mui gram bem       ←
me lhe fezesse, por meu mal, querer.      ←
  
E nom mi há prol este pavor haver,      ←
pois cada dia mi a faz mui melhor       ←
10querer, por mal de mim e por fazer-      ←
  -me prender mort'em cab': e pois sabor      ←
há de mia morte, rogar-lh'-ei que nom      ←
 mi a tarde muito, ca gram sazom      ←
há que a quis e desejei por en.       ←
  
15Pois já entendo que guisada tem      ←
Amor mia mort'e nom pode seer      ←
que me nom mate, sei eu ũa rem:       ←
que me val mais log'i morte prender      ←
que viver coitad'em mui gram pavor,      ←
20ca nom haverei, pois eu morto for,      ←
tal coita qual hei no meu coraçom.      ←
  
E quem soubesse como me vai, nom      ←
terria que eu sõo de bom sem      ←
em me leixar viver, ca sem razom      ←
25me dá tal coit'Amor, que me convém      ←
a viver trist'e sem tod'o prazer,      ←
e me convém tal afã a sofrer,      ←
que maior nom fezo Nostro Senhor.      ←



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Nota geral:

O trovador não ousa queixar-se dos sofrimentos que o Amor lhe inflinge, mas pensa que, já que o vai matar, mais lhe valeria morrer depressa.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras singulares
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Fontes manuscritas

A 265, B 449
(C 449)

Cancioneiro da Ajuda - A 265

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 449


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas